"Continuo a mesma Cora de sempre, prefiro ser considerada rude, irônica, a viver com máscaras"

Coragoiana

domingo, 1 de novembro de 2009

Entrevista: A boa escola – Sistema, Docentes, Currículo e discentes.


1- Para você o que é uma boa Escola?
Com certeza, um lugar onde o aluno se sente bem. Mas, muito mais do que isso, é uma comunidade flexível, atenta às diferenças individuais, que visa a formar cidadãos competentes e autônomos, cientes de sua função na sociedade democrática.

2- Hoje, como educadores, precisamos fazer de cada aluno um cidadão versátil e flexível, com boa capacidade de comunicação, que saiba trabalhar em equipe e com sólida formação acadêmica. Não se precisa mais daquele aluno enciclopédia, porém, essas habilidades não bastam, se os alunos não tiverem desenvolvido seu lado emocional. Em sua opinião, qual o perfil do profissional docente para a formação desse aluno?
Para atingir esses objetivos é preciso contar com uma equipe de profissionais que, além de experientes e atualizados, saibam criar vínculos emocionais positivos com seus alunos. Uma boa escola cumpre o que promete ser: basicamente, o lugar aonde o aluno vai para estudar e aprender. Alunos capazes de se realizar em um mundo marcado pela revolução tecnológica, pela rapidez das mudanças e pela velocidade da informação.

3- Nossos alunos se convertem em sujeitos ativos do processo de aprendizagem quando despertados para o prazer e a responsabilidade de aprender. Essa atitude participativa é o ponto de partida indispensável para desenvolver a capacidade de pensar, de discriminar valores, de ser solidário, de ter a habilidades e competências de se adaptar ao mundo lá fora (além do muro da escola). No entanto, o que vemos no nosso cotidiano, é uma reclamação geral de nossos alunos não tem interesse nos estudos, que são apáticos. Aonde estará o erro? No Sistema? No currículo? Nos docentes?
Só as escolas que se derem conta da inadiável necessidade de acompanhar o mundo serão capazes de formar os adultos do século XXI. Para isso é preciso rever nossas propostas curriculares, pois os conteúdos de agora que tornam nossos alunos apáticos, para eles esse conteúdo não faz sentido frente à velocidade dos acontecimentos fora dos muros da escola. A escola tem o papel fundamental de socializar, de capacitar para o mundo competitivo em que estamos mergulhados. Isso é mais do que dominar massas de conhecimentos que, em poucos anos, estarão fossilizados. Hoje, como educadores, precisamos fazer de cada aluno um cidadão versátil e flexível, com boa capacidade de comunicação, que saiba trabalhar em equipe e com sólida formação acadêmica.

4- Estamos cientes do papel da escola na sociedade. Sabemos que a atividade educacional constitui um compromisso social, e que nós, seus agentes, somos responsáveis por seus resultados perante a sociedade. Acreditamos que o aluno tem compromisso de aprender. Sua responsabilidade de aplicar seu conhecimento na vida social começa na escola. No entanto, há uma distância muito grande do currículo escolar com: mercado de trabalho, ENEN, vestibular, Saeb, Olimpíadas de Matemática e até o livro didático. Em sua opinião, porque não conseguimos esta sintonia?
Crianças e adolescentes se convertem em sujeitos ativos do processo de aprendizagem quando despertados para o prazer e a responsabilidade de aprender. Essa atitude participativa é o ponto de partida indispensável para desenvolver a capacidade de pensar, de discriminar valores, de cooperar, de ter a habilidade de se adaptar às novas exigências do grupo e do meio. Em última análise, é o indivíduo que usa o seu potencial em favor da sociedade e da humanidade (e, portanto, em sentido amplo, em favor de sua própria sobrevivência individual) que todos nós, pais e educadores, desejamos entregar ao mundo.

6- Sem autonomia não se inova. Sem autonomia a cidadania não se plenifica. A autonomia aprende-se no convívio, desenvolve-se e conquista-se em ambiente de solidariedade e interdependência, com respeito ao pluralismo de idéias e de modos de ser. Partimos do pressuposto de que todo grupo se organiza em torno do respeito a valores que beneficiem o maior número de pessoas na comunidade. Assim, colocamos em prática uma das principais razões de ser do processo educativo: a formação de cidadãos moral e intelectualmente autônomos. De maneira democrática, ao lado dos pais, assumimos a tarefa de formar indivíduos capazes de questionar o mundo de forma responsável e competente. Paulo Freire já dizia que todo professor deveria freqüentar uma igreja, ser filado a um partido e lutar pelos ideais de um sindicato. No entanto, o que vemos em nosso cotidiano são professores “Maria vai com as outras”, que não assumem uma postura política, que não lutam por inclusão social e nem conseguem fazer uma análise da sociedade para qual prestam serviço. Se esses docentes não sabem assumir a si mesmos, como formarão jovens autônomos e livres? Será que a “chamada classe pensante” não pensa?
Por entendermos a Educação como um processo de fundamental importância para a transformação social e a conquista da cidadania, estamos cientes do papel da escola na sociedade. Sabemos que a atividade educacional constitui um compromisso social, e que nós, seus agentes, somos responsáveis por seus resultados perante a sociedade. Mas vamos um pouco além. Acreditamos que o aluno tem compromisso de aprender. Sua responsabilidade de aplicar seu conhecimento na vida social começa na escola. Por isso, trabalhamos com a convicção de que a educação não é apenas um direito, mas também um dever para com a sociedade em que vivemos. E nesse contexto acredito que assim como em todas as categorias profissionais, e na nossa docência não é diferente, exista profissionais não politizados, e por isso, descompromissados e conseqüentemente, incapazes de mediar e influenciar a formação política/social e libertadora, postulada pelo nosso mestre Paulo Freire. Ainda bem que existem alguns docentes para germinar florescer e frutificar suas idéias e ideais.
7- Compreendemos a atividade educativa como um conjunto de conhecimentos aplicados por pessoas com a finalidade de favorecer o desenvolvimento de outras pessoas. E pessoas são constituídas de um conjunto de características – nem só cabeças pensantes, nem só corpos atuantes: afetos e emoções permeiam todas as atitudes e relacionamentos. Um ambiente de trabalho alegre, solidário e amistoso, fortalece vínculos positivos entre aluno/aluno, professor/aluno, e entre o aluno e as tarefas escolares. Quem se sente respeitado em todos os aspectos da personalidade aceita mais facilmente o outro com suas características, suas funções e seus papéis. No entanto, somos surpreendidos sempre por práticas pedagógicas de docentes que não percebem o valor, e a importância da relação professor/aluno, que não percebem os verdadeiros motivos das sucessivas repetências e evasão escolar(a chamada repetência branca ). O que fazer para “nossa classe” se tocar que o QE se desenvolve primeiro que o QI?
Um ambiente de trabalho alegre, cooperativo e amistoso, em que haja lugar para o afeto e a emoção e se possam expressar sentimentos, fortalece vínculos positivos entre aluno e aluno, entre professor e aluno, e entre o aluno e as tarefas escolares. Quem se sente respeitado em todos os aspectos da personalidade aceita mais facilmente o outro com suas características, suas funções e seus papéis. O grupo se articula e o trabalho flui. Aproximar-se do aluno quando ele estiver com dificuldade e demonstrar respeito a sua inteligência, valorizando o que ele tem de melhor, não importando se sua competência, talento ou habilidade seja nesta ou naquela área de conhecimento. Isso é parte do famoso contato pedagógico ou didático.

8- Hoje, o bom professor não pode ser apenas especialista em sua matéria. Ele tem de entender o aluno e o mundo em que vai inserir o conhecimento que transmite. O aluno, por seu lado, traz a cada dia seus questionamentos, soluções e modos de aprender particulares. E é no convívio com a diversidade, que cada um descobre e experimenta sua função, seu papel e sua influência na sociedade. Como selecionar as informações mais necessárias meio à loucura do mundo virtual?
À educação cabe agir como processo para desenvolver os diferentes potenciais. Competência gera competência. Ante as rápidas mudanças científicas e tecnológicas da sociedade atual, só uma equipe continuamente capacitada pode formar alunos competentes, capazes de enfrentar situações competitivas num contexto democrático. Em qualquer empresa, competência na administração gera resultados. Na escola, esses resultados se traduzem em investimentos em tecnologia, equipamentos, aprimoramento de serviços, cursos de capacitação na própria escola e, sobretudo, em condições de trabalho e remuneração dignas, que permitam o crescimento pessoal e profissional dos colaboradores. Sensível à qualidade de vida de sua equipe, a escola propicia disponibilidade para o esforço cooperativo, a discussão e fortalecimento de princípios, objetivos, projetos de filosofia comuns e o acesso a pesquisas, inovações e produção técnica da pedagogia.

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