"Continuo a mesma Cora de sempre, prefiro ser considerada rude, irônica, a viver com máscaras"

Coragoiana

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Só Saudade


Confidências de uma Iporaense

Alguns anos vivi em Iporá

Principalmente nasci em Iporá

Por isso sou triste, orgulhosa, de ferro

Oitenta por cento estrada vermelha, solo fértil

Noventa por cento de ferro na alma

E esse alheamento que na vida é apenas respiração e comunicação

A vontade de amar que me paralisa o trabalho

Vem de Iporá, de suas noites silenciosas, sem amores e sem horizontes

E o hábito de sofrer que tanto me diverte, é doce esperança iporaense

De Iporá trouxe prendas diversas que ora te ofereço

Esta Nossa Senhora Aparecida do velho peão estradeiro

Este couro de boi transformado em tamboretes

Esse orgulho, esta dignidade, esta cabeça, ora erguida, ora baixa, essa coragem...

E esta cultura arraigada até a alma

Tive sonhos, tive ilusões...

Tudo enfadonho, decepções...

Hoje sou funcionária pública

Iporá, não é nem fotografia na parede

E apenas uma saudosa lembrança !

Um eterno filme em minha vida

Mas como dói !

Coraci Machado

Adaptação do poema “Confidências do Itabirano” da Antologia poética de

Carlos Drumond de Andrade

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